VOLVO EX30 CORE – O FUTURO DA MARCA

Eu sempre tive curiosidade de saber como seriam os carros no futuro, Claro, a depender da época em que você está vivendo, sua projeção do futuro pode ser bem distante da realidade, principalmente eu que cresci assistindo aos Jetsons na TV. Hoje atuando no setor automotivo tenho tido o contato com alguns modelos que me dão um vislumbre de como serão os carros daqui por diante, e no caso específico da Volvo, se quiser saber como serão os modelos da marca no futuro, basta conhecer o EX30.

Normalmente essa função de ser o estandarte do design e tecnologia de um fabricante recai normalmente sobre o modelo topo de gama da linha, que no caso seria recém apresentado SUV EX90, mas atrasos em seus complexos softwares tiraram dele essa missão, pois seu lançamento foi adiado, ficando ao encargo, dessa vez, do modelo de entrada da marca, o EX30.

Mas não que isso tenha sido ruim, afinal só reforçou os atributos desse que é um novo modelo dentro da line-up da empresa, criando uma nova série de modelos, a 30, que desde o projeto, foi pensado e desenvolvido para ser um carro 100% elétrico, e por isso recebe a letra “E” no início de seu nome.

Para isso ele utiliza a nova plataforma SEA ( Sustainable Experience Architecture ou Arquitetura de experiência sustentável ) da Geely, empresa mãe do grupo, com a qual compartilha com modelos Zeekr X e Smart #1, ambos elétricos.

É literalmente uma releitura que a marca faz sobre seus produtos, identificando quais os pontos de maior valor em seus modelos e reforçando isso em uma nova proposta de design e tecnologia embarcada. Por exemplo, o reconhecido minimalismo sueco está presente no EX30, mas agora com um aspecto mais tecnológico e futurista, de uma forma que você nunca tinha visto em um Volvo. E isso é muito bom!

Seja bem-vindo ao futuro, a bordo do Volvo EX30!

ECONOMIA CIRCULAR

Pouco se fala no Brasil sobre economia circular, mas esse conceito, cunhado pelos economistas e ambientalistas britânicos David Pearce e R. Kerry Turner, em 1989, nos remete a um econômico que se utiliza de métodos de produção e consumo que visam o uso otimizado dos recursos naturais para se evitar desperdícios e descartes indesejados. Assim, tudo é pensado desde o início para fazer uso de materiais reciclados, o que diminui a utilização de matéria prima como borracha, plásticos e metais, além de reduzir ao máximo o uso de itens que precisem ser descartados ao fim da vida útil desse produto.

E os engenheiros e designers da Volvo parecem ter levado a sério esse conceito ao planejar o interior do carro absolutamente funcional, racional e prático. Aquilo que poderia ser convertido em software foi convertido, eliminando assim dezenas de botões, contatos elétricos e metros e mais metros de fios, que são feitos cobre e revestidos em plástico, reduzindo assim o uso desses materiais na fabricação do carro, e diminuindo sensivelmente o número de itens a serem reciclados ao final da vida do carro. Simplesmente brilhante

Ao entrar no carro haverá apenas o painel plano revestido com um acabamento feito em material reciclado que lembra ao toque a pele de um tubarão ( nunca passou a mão em um? Eu já! ), o volante, as saídas de ventilação em posição vertical e a central multimídia vertical, e só! Há um vasto porta-objetos central que se une ao encosto de braço. Uma simplicidade moderna e funcional, típica da casa de design nórdica, que particularmente me agrada muito, principalmente nos dias de hoje os onde os carros exalam telas enormes, com painéis muito elaborados em texturas variadas e cores. No EX30 tudo é minimalista e simples, mas sem deixar de ser requintado.

Há discretos toques de estilo no ambiente, como as aletas verticais em material translúcido, um detalhe que poucos vão perceber. Até o porta-luvas foi reposicionado para o centro do painel, e não mais a frente do passageiro, tendo sua abertura feita ao toque de uma função na tela multimídia.

O senso de redução máxima de desperdício levou o carro a possuir apenas quatro botões físicos em todo seu interior. Isso mesmo que você leu, só quatro, que são justamente os comandos dos vidros. Que tem uma peculiaridade, além de serem todos localizados no console central entre os bancos, os comandos dianteiros se resumem a bois botões tradicionais e três seletores tipo “touch” para escolher abrir um dos vidros traseiros. OS botões dos vidros traseiros também são acessados pelos passageiros de trás pelo console central.

Parece uma economia boba, mas se considerarmos que ao concentrar esses acionamentos em um mesmo ponto no centro do carro, e não nas portas como na maioria dos carros, estamos reduzindo o uso de metros de fios de cobre, em cada carro fabricado, o que pode parecer pouco se considerarmos um único carro, mas é altamente impactante quando consideramos a produção de centenas de milhares de modelos ao longo dos anos.

Essa redução do cabeamento elétrico chegou até o sistema de som, que elimina as caixas de som nas portas dianteiras, sendo substituídas por uma única caixa na base do parabrisas, no topo do painel, chamada de “sound bar”. Uma solução engenhosa e que dá um excelente efeito de palco no carro.

E, não há um tradicional painel de instrumentos á frente do volante, como em um carro convencional. Essas funções estão na parte superior da central multimídia vertical de 12,3”, que se assemelha muito a um tablet, e que concentra todas as funções do carro. Confesso que nem senti falta do painel na posição convencional. Essa medida foi necessária para eliminar mais fios, conectores e plugs para o painel em local tradicional. Em vez disso, foi disposto como uma parte da multimídia.

Nem os retrovisores externos escaparam da turma do “só o essencial”. Os seus espelhos não têm bordas, eliminando a moldura plástica, que seria mais um item a ser reciclado. Além disso, não existem botões de ajuste na porta ou no console. Tudo é feito pela multimídia, ativando uma função específica que permite usar os comandos do volante para regular os espelhos. Algo já visto nos modelos da Tesla, que alguns reclamam, mas eu considerei bem prático.

Atrás do volante quadrado de cantos arredondados, que particularmente achei incrível pela empunhadura e aspecto futurista, ( que me fez refletir porque os volantes precisam ser circulares ), há apenas duas alavancas. À direita está o seletor de marchas, muito fácil e intuitivo de usar, que libera muito espaço no console central. Do lado esquerdo está uma alavanca que concentra o comando das setas, para cima a para baixo, o farol alto, puxando para trás, o acionamento do limpador ao girar a extremidade da alavanca e o acionamento do esguicho, dianteiro ou traseiro na posição mais externa. Isso no começo me pareceu um tanto esquisito, mas rapidamente me apropriei das funções.

Em resumo, uma única peça é responsável por farol alto, setas, limpador e esguicho! Genial!! E não há botão de acionamento dos faróis, pois ao ligar o carro eles já são acionados, e se quiser desliga-los ou fazer qualquer ajuste, é só recorrer a tela multimídia.

Esqueça também o botão de partida. Nessa versão Core, de entrada, a chave é substituída por um cartão, que abre o carro ao ser passado em um ponto da coluna central do lado do motorista, ou pelo app instalado no seu celular. Ao sair do carro, basta passar o cartão novamente, e o carro se trava.

E COMO ANDA?

Já nos primeiros metros conduzindo o carro percebi algo diferente no EX30, tanto que que logo em seguida enviei uma mensagem para nosso amigo e vendedor da concessionária que nos disponibilizou o carro para avaliação, comentando quão bacana era dirigir aquele carro.

A posição de condução é ótima, e o volante de formato quadrado te leva a posição correta de empunhadura com as duas mãos bem encaixadas. Para muitos, a ausência do painel à frente pode ser um inconveniente. Não sei se porque tenho a mente aberta para inovações, ou por já saber dessa característica, não senti qualquer dificuldade. Só a noite que a região a frente do volante fica em uma área escura, causando certo estranhamento, mas me deixou mais focado na rua.

No mais, o carro é ótimo de conduzir, pela boa sensação que passa em sua posição de condução, com ótima visibilidade, pelo tato ao girar o volante, que transmite segurança pelo peso correto, além do acerto da suspensão, que é confortável e suave, mas mantendo o carro sempre na mão. É algo que percebi em maior intensidade em outro Volvo elétrico, o C40, esse com caráter mais esportivo. Só conduzindo realmente para entender bem o que digo.

Sobre o carro ser disposto? Sim, os 272 cavalos e 35 kgfm de torque o fazem um ágil ator nas vias urbanas. Não é preciso pressionar muito o pedal para o carro desenvolver rapidamente como se ignorasse os 1.600kg de peso. Fiz o teste subindo uma pista em aclive considerável, e o “30”, simplesmente fez aquela subida parecer uma pista plana. Muito bom!!!

Há outro destaque na condução, que é a função “one pedal”, que quando oativada permite conduzir o carro maior parte do tempo apenas com o pedal do acelerador, sem sequer pisar no freio. Para o carro diminuir a velocidade, e até mesmo parar, é só aliviar o pedal do acelerador que o carro vai reduzindo a velocidade, até parar completamente se for o caso. Isso não é necessariamente uma exclusividade desse carro, já que modelos como o Ora 03 GT tem também essa funcionalidade. A questão aqui é quão bem calibrado é seu funcionamento. Nenhum outro carro que conduzi com o sistema ativo foi tão suave e tão bem ajustado quanto nesse Volvo. Ele é tão bom que só roei todo o tempo da avaliação com a função ativada. E fiz um teste que só ao tirar o pé do pedal do acelerador o carro se mante imóvel na descida de uma rampa de garagem! Ponto pra Montadora sueca!

O DESIGN DOS PRÓXIMOS VOLVO

Se o interior deixa claro como serão por dentro os novos modelos da Marca, as linhas externas só corroboram com isso. Basta ver a semelhança das linhas entre o EX30 de entrada, e o novo topo de gama e recém apresentado EX90.

A frente perde a imponente grade frontal, que antes empunhava uma linha transversal com o emblema da marca ao centro. Esses detalhes permanecem, mas de forma mais discreta, substituindo a grade por uma superfície lisa. Isso dá outra identidade aos carros da marca, e entrega a distinção que um carro elétrico precisa, principalmente no caso da Volvo onde os modelos elétricos coexistirão com modelos híbridos, como no caso do EX90.

Os faróis são um caso à parte. Estilosos, amigáveis e com visual inconfundível dão muita personalidade ao modelo, o ajuda a chamar atenção nas ruas. O capô se integra muito bem aos paralamas alargados nas caixas de rodas. Esse estilo é compartilhado tanto no EX90 quanto no mais recente produto da linha elétrica da marca, o ES90.

Isso dá aquele efeito chamado na indústria automotiva de “Family face” onde os carros da marca são facilmente identificados por compartilharem características de suas dianteiras entre eles.

A lateral de cintura alta, e a seleção da bateria de tração é escondida por um acabamento plástico frisado em preto, sem brilho, o que ajuda a disfarças as proporções e tornar o carro mais harmônico visto de lado. Na traseira, o que acostumamos de ver nas lanternas verticais da Marca, agora são bi-partidas entre o vidro traseiro e a tampa do porta-malas. Usa solução estética arrojada, mas que mantém a referência de estilo.

As linhas externas bem-sucedidas limitam um pouco o espaço interno, uma vez que o espaço para as pernas no assento traseiro deixa a desejar se você tem mais de 1,75m. Mas, como o próprio CEO Mundial da Volvo, Jim Rowan, anunciou no lançamento oficial do carro, o EX30 se trata de uma nova família de modelos compactos da Marca, que tem o objetivo de fazer a Volvo aturar em um mercado de modelos compactos de luxo que ela ainda não tinha representação.

SEGURO COMO UM BOM VOLVO

Se o EX30 é seguro, isso você não precisa nem se questionar, visto que os feitos sobre segurança da marca são mundialmente reconhecidos. E, desde a versão Core, essa a avaliada, o carro conta com seis bolsas de airbag, sistema de proteção contra colisões laterais e prevenção de lesão na coluna.

Além disso há diversos assistentes de condução que informam através de sinais sonoros ou indicação no painel alguma condição de risco. Há alerta de tráfego cruzado, assistente de mudança de faixa, alerta de ponto cego, frenagem de emergência, entre outras funções.

O destaque fica pela câmera a frente do volante que monitora constantemente o condutor como forma de identificar posturas inseguras. Por exemplo, em minha estadia com o carro, um simples bocejar já foi o suficiente para o carro emitir um pequeno alerta na multimídia, sugerindo uma pausa para o café. Em outra ocasião uma mensagem de alerta surgiu porque eu tinha desviado o olhar ao conduzir.

CONCORRENTES

Aqui está um ponto interessante. O concorrente direto do EX30 vem também da China ( sim, o EX30 e fabricando na planta da Volvo por lá ) e compartilha da mesma plataforma SEA. O Zeekr X, modelo que chegou ao Brasil como importado, compete diretamente com o Volvo, entregando um pacote tecnológico ainda mais elevado e com um padrão de acabamento ainda mais diferenciado.

É uma luta dura para o Volvo, que encontra dentro do próprio Grupo Geely, seu principal oponente.  Afinal, Zeekr está se posicionando dentro do conglomerado formado por marcas como Geely, Volvo, Lotus, Link &Co, e Smart como um veículo Premium, e sua proposta de preços tem sido bem agressiva pelo que entrega.

A disputa é ainda maior porque o Zeekr X na versão Premium utiliza o mesmo conjunto elétrico, com 272 cavalos e motor dianteiro do EX30. Mas seu diferencial é o acabamento mais sofisticado e a tela de maior dimensão, com recursos extras de entretenimento e conforto, além do som assinado pela Yamaha.

POR QUE COMPRAR O VOLVO EX30 CORE

Além do EX30 ser um excelente produto, com carisma, tecnologia, e uma pitada de minimalismo futurista, o Volvo não se pega apenas no peso da marca e sua tradição na fabricação de produtos de alta qualidade, seguros e confiáveis, mas também na oferta de preços muito competitiva que coloca o EX30 na versão Core, pelo preço cobrado por um SUV da Jeep, na faixa de R$ 230 mil. Além disso, e não menos importante, a rede de concessionários da Marca é inclusive, ao meu ver, a mais bem preparada para atender ao cliente Premium que almeja um carro híbrido ou elétrico. E isso, pesa muito na hora de escolher por um carro como esse.

Se almeja mais equipamentos, como assentos elétricos, teto panorâmico, porta-malas de abertura elétrica, rodas maiores e câmera 360 graus, vá na versão Ultra.

Agradecemos a Rota Premium Volvo por gentilmente nos ceder o carro para avaliação. 

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