GWM HAVAL H6 GT – POR QUE NÃO?

Vou começar esse texto mostrando o quanto os antigos conceitos absorvidos em nossas mentes podem nos pregar peças, apenas para nos mostrar o quanto devemos nos manter atentos e abertos a novos conceitos. Principalmente no meu caso, um nascido no final dos anos de 1970, cuja história foi moldada nos anos 80 e 90, e que, como muitos de minha geração, tem ideias muito bem definidas sobre certas coisas.

Talvez por isso nunca fui muito afeito aos SUVs. Conduzir distante do chão por muito tempo me pareceu algo pouco natural e nada intuitivo. Some a isso a massa extra e sua menor tendência de fazer curvas e a maior atenção ao frear. Se o objetivo é oferecer maior comodidade as famílias pelo espaço interno, visibilidade e facilidade de acesso as malas eu ainda preferiria as Station Wagons, mais conhecidas como peruas. Mas esse tipo de carroceria hoje está extinta no mercado nacional, o que é uma pena, tendo sido superada pela avalanche dos Sport Utility Vehicles, os famosos SUVs, ou utilitários esportivos.

Já com relação a carroceria coupé, algo que para alguém da minha idade, essa nomenclatura se aplicava, única e exclusivamente, a modelos de três volumes, e duas portas. Essa é nada menos a carroceria mais antiga que existe, até porque quatro portas, ao menos aqui no Brasil demorou a vingar. Quem lembra que boa parte dos modelos vendidos nos anos de 1980 e início dos anos de 1990 eram apenas duas portas. Então para mim, coupé é um sedã, duas portas, e normalmente de estilo esportivo, se possível, com vidro traseiro retrátil.

Minha mente anos 80 ainda busca eu meus arquivos a relação da sigla “GT” com os automóveis. E o que minha memória remete são os esportivos de longas distancias, carros com pegada esportiva, mas que ao mesmo tempo tinha a capacidade de serem grandes cruzadores, feitos para rodar por muitas horas nas estradas.

Fiz essa introdução para que você possa entender que minha mentalidade automotiva foi forjada em uma época onde os modelos de carros eram muitos distintos. Não havia mistura de conceitos como hoje.

Agora, eis que surge diante de mim, nada menos que um modelo que rompe com tudo isso, e liquefaz todos esses conceitos em uma grande e agitada mistura, formando um único automóvel, o que só fez minha velha cabeça se questionar sobre tudo o que me tornou  um especialista no setor automotivo.

Apresento o GWM Haval H6 GT! Que não é apenas um SUV, mas um SUV coupé, e com a insígnia GT na tampa do porta-malas!!! Nada pode parecer menos óbvio do que isso para mim.

Confesso que em um primeiro momento me perguntei: Por que? Mas ao conhecer a fundo esse carro, meu questionamento mudou. “Por que não?”

ESTAMOS DIANTE DO NOVO CONCEITO

Agora que estou diante do H6 GT imagino como foi ousado combinar todas essas características em um único carro! Ainda mais quando estamos falando de qualquer carro, mas um dotado de tecnologia híbrida Plug-in de última geração. Bem, e aí nos vemos em frente a aquele, que pelas minhas convicções poderia ser o mais antagônico de todos os carros que já conduzi. Um SUV, de estilo Coupé, com a assinatura “GT”. Como assim? Gritou meu córtex pré frontal, municiado de toda a razão que absorvi em trinta anos de carreira automotiva. Me questionei como alguém poderia pensar em algo tão distinto quanto isso? Por que fazer um carro assim?

Na verdade, quando me apropriei mais do Haval H6 GT, minha opinião mudou completamente e entendi o quão bem-sucedido foi esse plano. Não há toa, o H6 GT tem conquistado clientes de marcas Premium que na tentativa de renovar seus carros encontram barreiras financeiras elevadas e viram no SUV híbrido da GWM tudo o que precisavam. E não estavam errados.

O design externo é único dentro da gama H6, já com o objetivo de torná-lo um produto diferenciado, para um público que prefere algo mais distinto e esportivo.  Além do desenho mais inspirado o interior tem detalhes exclusivos e um pacote de equipamentos de série que faz corar de inveja até modelos alemãs. Se isso não fosse o bastante, estamos falando de carro forte, muito forte! Muito mesmo!! São nada menos que 77,7 kgfm de torque. Não, não digitei errado. Seu torque está na casa dos “ setenta quilos” o que é uma brutalidade. Só pelo número já da para impor respeito, chamando mais atenção até que sua aceleração até os 100 km /h em menos de cinco segundos. E olha que o monstro pesa duas toneladas!

Realmente vemos que a GWM não estava para brincadeira quando trouxe o modelo para o Brasil. E, se a ideia era causar impacto, eles acertaram.

A MECÂNICA É A MESMA, MAS O SEU DESIGN...

O motivo da existência da versão GT dentro da linha H6 é dar ao clientes uma opção de maior presença e personalidade, mesmo que compartilhe o mesmo bom e eficiente conjunto híbrido plug-in com a versão PHEV34, mas as diferenças param por aí.

Está lá o motor 1.5 de injeção direta e turbo de 150cv, acoplado a transmissão DGT de duas velocidades, associado aos dois motores elétricos, um em cada eixo, que entregam nada menos que 393 cavalos de potência e insanos 77 kgfm de torque. A Bateria, imensa para um híbrido, com 34kWh de capacidade é a mesma da versão 34, que permite a recarga também em corrente contínua, o que é um diferencial que apenas modelos da Range Rover e a BYD Shark oferecem hoje. Ou seja, em termos de conjunto mecânico propulsor, ele está muito bem servido.

A diferença é que a calibração da suspensão é mais firme no GT, mudando completamente a condução desse carro, estando perfeitamente alinhado a proposta de um SUV de pegada esportiva.

Como resultado, ele não só acelera muito, mas também passa muita segurança na condução, justamente por contornar curvas de forma mais incisiva, e por evitar o balanço excessivo da carroceria em manobras de ultrapassagem e mudança de faixa. Ajudam nessa questão os maravilhosos pneus Michelin , outra exclusividade do modelo dentro da linha H6. Saem os Cooper da versão PHEV34 e entram os Primacy 4 da marca francesa. As medidas são exatamente as mesmas, 235/55 R19, mas os Michelin são reconhecidos pela entrega de potência com muita eficiência ao solo. Uma ótima sacada da GWM, digna de aplausos!!

Mas nem só de desempenho vive esse bruto. É no design que a maior parte dos clientes se pegam na hora de decidir por levá-lo para casa. Mas se quiser discrição, saiba que é difícil passar despercebido com esse SUV. Não tanto pelo tamanho, que na verdade ele aparenta até ser maior do que é, pelo porte musculoso, de dianteira alta e linha de cintura elevada. A queda de teto por vezes me fez lembra um rinoceronte quando visto de lado, ainda mais nesse tom ‘Cinza Diamante” do carro avaliado.

Mas não estou desfazendo do design, muito pelo contrário. Esse animal de grande porte chamado H6 GT bem que se enquadraria da cadeia alimentar como um bicho que não se alimenta de carne como um predador comum, mas que também ninguém se mete com ele.

Ele impõe respeito não só no transito, mas dentro do própria família H6, cujas linhas ao estilo cupê ficaram limitadas a essa versão, mostrando o quanto é única. As demais, diante dele se tornam apenas “ok”.

A começar pela dianteira que tem grade mais fechada, destacando ainda mais os faróis que parecem mais afilados, apesar de serem iguais aos do modelo PHEV38. Na lateral se percebe uma saia com uma barbatana com função aerodinâmica. Na traseira um aerofólio sobre o vidro traseiro e um discreto Split na tampa do porta-malas. Tudo com acabamento em preto, muito elegante. Retrovisor preto brilhante e rodas escurecidas de Aro 19 completam o pacote estético.

Não faltaram nem mesmo acabamentos que imitam fibra de carbono, como os aplicados no para-choque dianteiro na tampa do porta-malas. Mais um item de distinção dessa versão GT.

No interior, o diferencial está no acabamento interno com tecido Suede, com grafia GT em vermelho nos encostos dos bancos, e no material que imita fibra de carbono onde em outra versões é um black piano. Muito condizente com a proposta de ser um carro não apenas de desempenho esportivo, mas de parecer esportivo.

HÁ TECNOLOGIAS A MAIS EMBARCADAS

O H6 GT não surpreende apenas pelo desempenho e design, mas também pela quantidade de tecnologia embarcada. Aqui não vou me ater ao que há em comum com os outros modelos da linha, o que não é pouco, mas naquilo que só esse modelo tem.

E o destaque é a câmera interna. Sim, além de contar com câmeras frontais, laterais e traseira, que compõem o sistema 360° do carro, e são utilizadas no pacote ADAS para ativar funções semi autônomas, ele também conta com uma câmera na coluna frontal, lado motorista, voltada a “ler” o condutor, literalmente.

Dessa forma o sistema analisa distrações, comportamentos inseguros e cansaço, ativando alertas no painel e gerando mensagens de voz para chamar a atenção do condutor, orientando sobre a perda de atenção durante a condução, ou até mesmo recomendando uma pausa para descanso. Sensacional!!!

Eu mesmo levei duas broncas do carro, quando escutei a mensagem com voz feminina que dizia “Por favor não se distraia, e concentre-se na direção!”. Parecia até minha esposa falando.

Mas a câmera tem ainda outra função que é a de capturar a imagem de até cinco motoristas, para que suas preferências sejam mantidas quando um deles assumir o volante do H6 GT! Isso é possível ativando as contas através do app da GWM, onde se registra cada motorista pelo celular, e quando o mesmo entrar no carro, a câmera interna fará o reconhecimento facial desse motorista, ajustando assim a sintonia da radio preferida, temperatura do ar condicionado e outros requintes a mais. Genial, não?

Mas se quer passar despercebido, esse não é seu carro! Bonita como poucas, e com design claramente inspirada nos modelos da Série F da Ford Americana, você não vai ficar invisível. Não mesmo! É como um imenso tubarão baleia em meio a um cardume de sardinhas no transito

CONCORRENTES?

Encontrar um SUV coupé com pegada esportiva, e ainda por cima híbrido plug-in, não é das tarefas mais fáceis no Brasil. Afinal, nem mesmo a concorrente direta da GWM, a BYD possui tal modelo. O modelo que atende, e bem, a esses requisitos é nada menos que um Audi, o excelente Q5 Sportback 55 TFSIe. Referência em comportamento dinâmico,  o modelo entrega o típico acabamento Audi, com as linhas esportivas da carroceria Sportback. É um excelente carro, potente ( 367cv ) e com o status das quatro argolas na grade frontal. Perde para o H6 GT na autonomia elétrica e no maior ticket cobrado, que parte de R$ 510 mil. É para quem curte modelos alemãs.

POR QUE VOCÊ DEVE COMPRAR UM HAVAL H6 GT?

A resposta a essa pergunta seria:  “e por que não comprar? “ Potente, e com força de sobra, bonito e robusto. Pelo valor cobrado, não há outro híbrido plug-in que entregue tanto. Ok, em relação a versão PHEV34 você perde 35litros de porta-malas, agora com 515 litros, e ganha dez quilos a mais de peso. Mas em compensação ganha muito em estilo e comportamento dinâmico!

Só se você fizer mais o tipo “Paizão” ou “Mãezona” e quer um SUV mais formal, a versão PHEV 38 lhe cairia muito bem, e ainda poderia economizar uns trocados. Mas se quer fazer o sangue ferver, a versão GT é a escolha!

Afinal, em um País onde nos acostumamos a ver modelos “esportivados” com apenas um tapa de visual e tidos como esportivos, encontrar um modelo que realmente não apenas parece, mas se comporta como um esportivo isso é um de banho de rejuvenescimento para a alma! Principalmente se você for um “40 + “ como eu!

Agradecemos a ADTSA GWM por gentilmente nos ceder o veículo para nossa avaliação.

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